quarta-feira, 25 de abril de 2012

Duas oportunidades de progresso para o interior

O interior do País, onde obviamente a crise também chega, vive, não obstante, uma época de oportunidade e a dois níveis.
Um deles é o turismo. E esta é, talvez, a maior e a mais lucrativa indústria que Portugal pode ter.
A costa de mar, o tempo ameno, o sol, os campos e as florestas do interior, a gastronomia, o património histórico e as manifestações culturais são elementos que, harmonizados e valorizados, podem atrair o turismo externo e interno e gerar riqueza, nacional e regional, e emprego.
Para isso é necessário perceber bem o que existe para mostrar e oferecer, promover, dar a conhecer, pensar que são turistas dignos tanto os jovens de mochila como os séniores que procuram o golfe e os empreendimentos megalómanos e os blocos de apartamentos à moda do Algarve não são o que querem ver os turistas que têm maior mobilidade e, por vezes, dinheiro para gastar sem grandes problemas.
Não é com birras regionalistas de sultões e caciques locais ou com os olhos cravados nas pedras das ruas sujas da cidade que se progride neste domínio. O futuro não é isso.
A outra oportunidade é a migração para o interior.
Com as condições de vida mais degradadas e mais caras nas maiores cidades e nos seus subúrbios (sobretudo em Lisboa), o interior oferece hoje, para residir em definitivo ou como habitação temporária, possibilidades muito razoáveis de melhoria da qualidade de vida e, em numerosos casos, oportunidades de emprego. Em tudo o que há por fazer a nível da oferta turística e porque mais residentes significam maior consumo de bens e de serviços locais.
Desde as lojas da cidade aos supermercados, passando pelas lojas de produtos alimentares e de outros bens de primeira necessidade das freguesias e pelas empresas de serviços do sector da construção, todos têm a ganhar com os novos residentes.
Mas para que tudo isto possa acontecer é necessário que as mentalidades se alterem. Politicamente, socialmente e culturalmente.
Os órgãos locais, das câmaras às juntas de freguesia, têm de criar condições para acolher os novos residentes, para lhes dar a conhecer as realidades de cada região, as suas potencialidades e os seus pontos mais interessantes, os serviços que prestam e os elementos sobre os quais podem fornecer sugestões e conselhos. Sem gestos de hostilidade, sem exigir que os recém-chegados aceitem à viva força as tradições de cada comunidade que, muitas vezes, nem sequer lhes são apresentados.
Não basta, por exemplo, lançar às casas os miúdos da freguesia a pedir dinheiro para uma festas que terão começado por ser religiosas sem dar em troca um folheto que explique o que são e o que integram essas festas. E não é sequer normal que se berre a quem manifesta as suas dúvidas sobre algumas práticas vagamente sectárias que se deve ir embora porque "quem está mal muda-se".
Os novos residentes, em interacção com os residentes originais, contribuem sempre positivamente para o rejuvenescimento e para o progresso das regiões mais isoladas. Quando os seus naturais se consideram proprietários das vias de acesso, do ar, do sol e até do mar o estão a condenar-se a eles próprios e às suas famílias a um futuro sombrio.

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