quinta-feira, 12 de abril de 2012

A falta de pontaria dos "turistas" da elite das Caldas

Portugal tem um dos mais amenos climas da Europa numa zosta de mar que vai de Norte a Sul.
E este concelho, o concelho de Caldas da Rainha, tem toda a sua zona ocidental praticamente voltada para o Atlântico. Tem uma estrada em razoável bom estado que começa na Lagoa de Óbidos e que só termina, verdadeiramente, à vista da baía de São Martinho do Porto e num ponto onde há uma zona de praia simpática e aprazível que é a de Salir do Porto. Dessa via vê-se sempre o azul do mar, vêem-se as Berlengas e o porto de Peniche e há caminhos, não muito inseguros, por onde é possível chegar ao oceano. E até há um miradouro que - demonstrando a capacidade de estragar de muito boa gente - está estupidamente tomado de assalto pelo chico-esperto do cigano que lá plantou a rulote.
A magnífica costa atlântica das Caldas é que é o grande património natural e turístico da região e, aliás, foi esse o chamariz do "elefante branco" do Plano de Pormenor da Estrada Atlântica. E devia ter pontos mais aprazíveis do que cafés e restaurantes em ruínas e toneladas de lixo, incluindo a publicidade pendurada das árvores.
Há poucos dias, o ex-vereador e distinto membro da elite das Caldas Jorge Mangorrinha, um dos muitos que desconhecem em absoluto o que existe para lá das muralhas da cidade, defendeu que "a marca das Caldas da Rainha deve estar focada no Hospital Termal, na Praça da Fruta, na tradição artística ligada à arte cerâmica, na escola de Artes (ESAD) e na área verde de cerca de 30 hectares no seu centro urbano histórico". (Os pormenores do disparate encontram-se aqui.)
É uma rematada tolice, infelizmente não muito diferente das tolices empunhadas por outros membros da elite caldense.
A cidade de Caldas da Rainha é uma cidade simpática mas rigorosamente nada atraente para o turismo como dezenas de outras cidades portuguesas sem património histórico real e sem artesanato nem gastronomia próprias. A "marca" turística das Caldas não é a cidade mas o mar da sua costa e, eventualmente, o terreno de fusão (que seria harmonioso se não fosse o lixo) do ruralismo com o Atlântico.
Não vale a pena alimentar fantasias nem sonhos pessoais de grandeza como o têm feito alguns ilustres idiotas locais. O mar, o céu azul, o Atlântico a perder de vista, o tempo ameno, a praia, uma refeição ou uma bebida ou um café de qualidade à beira da água... Isto é que, em primeiro lugar, atrai turistas. O resto pode vir depois.
É pena que a elite citadina não o perceba. Até porque também perde quando os turistas não vêm.

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